Share
ShareSidebar


A ordem




A luz resplandece para fora.
A ordem de deixar de sonhar.
A necessidade de contar o que vimos.

Não percebes a dor que trago?
São manchas de outros, manchas a que chamam rostos. Imagens de corações iguais ao meu, que batem e sentem. Luzes de mundos únicos encerrados em olhos belos. Histórias que não sei contar.

Podes até querer perceber, mas não recebeste a ordem. Sabes lá o que é a vida presa em imagens que nunca vão poder ser. Fica tudo no reino de lá, onde as cores e a música mora. Cá ficam os dentes que ferram o pão da manhã, as mãos que nunca tocam, os sinos que transbordam dor e pesar no seu passear fixo.

A melodia avança simples encerrada num esquema seu. Como aquele que acumula o sofrimento em camadas, ela rebenta em faíscas de dor continuada por ser escondida. Fica tudo num cofre, fecha-se à chave as vidas que se quer e tem-se o que se pode.

Não, nunca ouviste a ordem .
Por isso te digo, jamais bebeste a negrura da manhã.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: