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Ama-me sempre



Ela nua. Ele nu.
Eram amantes, perdidos nas esferas do desejo mútuo.
Viviam uma paixão quente, fogosa, calamitosa!
Respiravam o ar um do outro em beijos demorados, apertados, e desejosos de eternidade.

Ela nua. Ele nu mas não falavam.
Deitados na horizontal. Braços estendidos a par do corpo, olhos fechados, bocas cerradas e sem expressão.
Eram, amantes, conhecidos, cúmplices, sós num nós deles.
Suspiros em silêncios cheios de desejo, tentação.

Ela nua. Ele nu mas não falavam. Simplesmente quietos.
As faces voltadas para um tecto falso. Falso como o amor deles não era.
Deitados perto, mas longes deles mesmos.
Tudo isto nos fundos imundos de um hospital, imundo como a paixão deles não foi.
Tinha sido uma carrinha desprendida do caminho correcto (mania de se desviarem!), sem rumo como a vida deles não foi.

Agora eram fogo, mas no silêncio exposto da memória escrita.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Joana Meneses disse...

gostei muito.
parabéns*
:)

João Bosco da Silva disse...

Chama-lhe poema a isso! Chama-lhe que merece. Abraco!