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O balanço



A borboleta linda, colorida e suave dançava no ar e o miúdo pequeno via. A mãe tinha saído, porque a mãe saía sempre e voltava com homens estranhos para casa. E ele, sempre, no jardim da frente onde ervas, mato e silvas cresciam. Por vezes uma flor e raramente uma borboleta nascia.
Hoje era um dia especial, a mãe saíra, ele no jardim, mas uma borboleta, portanto o mundo era perfeito e cheio de cor. Hoje começa o Verão. Talvez o miúdo veja a praia, o mar e a areia onde nascem castelos de sonho. Ou, talvez, veja outra borboleta, os grilos e as cigarras no jardim selvagem à frente de casa.
Mais certamente verá a mãe com homens estranho em cima dela, porque a mãe anda despenteada e com a pele a ver-se. A mãe bebe muito e deixou de gostar dele. Ele não sabe porquê, mas que sabe ele? À escola não vai, não sai para longe, nem vê televisão porque ela ficou doente e agora não fala mais.
Um dia teve um amigo, mas a mãe dele gostava muito dele Acabou por o levar para longe dizendo coisas feias da mãe do menino. Ele concordou, a mãe dele era má. Talvez por ele achar isso a mãe não gostasse dele. Talvez a culpa fosse sua.
Estava sol hoje e eu passei num jardim onde brincava um menino.
Eu passei num bocado de mato onde um pobre sonhava ver a vida dos homens.
No ar uma borboleta.
Nos meus olhos uma lágrima.
Para a vida a certeza de que a vida é estranha.
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