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POWER



Uma multidão na rua e os carros que param.
bancos fechados,
bandeiras vermelhas,
MANIFESTAÇÃO !!!

Que século é este?
Talvez não seja século, talvez não seja tempo, talvez virou o futuro.
Quem nos diz que as pedras da calçada são nossas ?
Quem disse que a cor escura do pobre da esquina não será nossa?
E a questão  na cabeça, a pergunta presa às conversas da rotina, os telintares mais assustadores quando se diz à menina da caixa:
"quanto mesmo?"
Século 21, responde.
Nós percebemos e amuámos quando o cartão de plástico salta.
A partir de dia quinze umas dores intermináveis, um arrepio na espinha que não para. A televisão que mostra o sorriso dos que vestem nomes pomposos e a gente,
sim a GENTE,
presa ao sofá que ainda deve. O filho ranhoso a riscar a pintura que ainda devemos. E a nossa vida uma prisão cinzenta onde rezamos: somos felizes, felizes, felizes.

A tarde de Outono curta, umas bandeirinhas nas mãos de poucos e o barbeiro vazio. Vão nos crescer os pêlos até sentirmos as pedras da calçada e os nossos filhos a roubar uma merreca no mercado da esquina
(e nós antes morais e agora com fome. com frio. com nada)
e a vergonha a fugir para bem longe.
No fim, quando os ossos se gelarem e até a sopa nos faltar diremos: "onde está o poder ?"
É essa a pergunta eterna.
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