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Congratulations



Dois copos de pé alto e esculpido sobre a mesa. Umas danças já cansadas na nossa sala, onde vultos se arrastam pelo sofá e a varanda que temos. Estamos no topo dum belo loft em plena cidade, vivemos o sonho da modernidade, da contemporaneidade porque espelhamos a cara em janelas de vidro e conduzimos um belo carro repleto de luzes inteligentes.
No fundo da vista vai raiando o sol e a cidade continua a vigiar-nos. As suas artérias iluminadas inundam o ar que respiramos já com bafos de álcool. No céu um prenuncio de manhã repleta de algodão à deriva.
Talvez as formigas lá em baixo sonhem ...
No beco do bar fundem-se louças sujas de batom, prolongam-se migalhas sobre a bancada como indicação de auto estrada de luxos e bamboleios destemidos e libertos. Cheira a suor, a luxúria e a domínio da vontade.
Nas colunas sobrevive ainda um som como um entidade uniforme, independente e complexa. Somos um misto de arremesso e desgraça, contemos em nós o limite do toque da utopia. Sepultamos os sagrados costumes e erguemos este espaço onde vigora a abstenção da vontade perene.
Não somos heróis nem derrotados. Somos fruto duma noite passada em júbilo fervilhante que deixou as canas caírem em campo alheio.
Perdoem-nos a ousadia de abrir champanhe e ver o mundo decair do cimo da cama estrangeira.     
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