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Dos tempos e dos alfanuméricos



Podem contar os passo que deu,
(um, dois, três)
os espaços que roubou, ou os mistérios escondidos nas pausas.
Visite-se o caminho, as sendas ou as vielas. Vejam-se os campos onde pousou o olhar escoltado de segredos e questões.
O homem que caminha enfrenta o tempo deixado pelas que o obrigaram a vir. 
Como imposição externa ao calor dos lençóis no Inverno, ou o ar que se condensa em pequenas nuvens húmidas que acompanham as noites de Dezembro sem chuva, se constroem as peças diárias. 
Com rotundas enfeitadas e luzes dispostas na simetria da ciência se fazem as rédeas da interpretação, ou o libreto da ópera antiga, 
romântica,
trágica como a vida tem de ser. 
Tudo isto se encena medindo meticulosamente cada rastro, cada ferida aberta pela indiferença dos corpos dispostos na "ordem natural das coisas". Como se os cubos aformigados passeassem numa espécie de volta final, predestinada e perfeita. 
Lúgubres curvas às cores dispostas no espaço e gritos atrás. Números dispostos em dezenas,
centenas,
milhares,
como uma apoteose de revelações certas, concisas. Nenhuma dor na máxima racionalização das histórias ditas, mostradas e,
se tudo o permitir,
desditas. 
Uma bulia de sentimentos murmúrios dolorosamente controlados, como se um exercício de selecção natural se tratasse. As forças sobrepostas no desgaste das horas que nos dão e um vento de oriente que empurra o sol para a claridade fendida. 
Podem medir metricamente
(desculpem a redundância. é necessário proceder. prosseguir com limpeza das arestas)
o dispor moderno dos corpos. Ver os oscilares das gentes, as suas novas galanteias para com os pilares erguidos pelos Pais eternos, mas perceber o centro escuro donde emanam os povos, as histórias pautadas com notas de pintura oca e cor de sal, não é tarefa para o risco de grafite que desenho como desculpa mecânica e redutora. 
Não lhe mencione façanhas, ponha-lhe flores na campa !

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