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Dor teatral



Sim, eu desfaço-me por crenças, por obrigações sentimentais, por restos de irracionalidade.

Tem dias em que acordo em desespero total, dias em que quero largar tudo e fugir para longe. Pegar na pele e preencher os poros mortos, a alma cansada e desenrolar um rolo novo. Pegar no corpo e tremer num canto porque quero mais que eu,
porque quero saltar acima de mim.
É desesperante, sim, é insuportavelmente desesperante. Sentir demais é uma cruz tão grande que nos consome até às entranhas.
Fiz tantos erros na vida, tantos passos desenquadrados de tudo. Houve momentos em que não fui eu, houve outros em que me destruí. Por vezes é assim, romper o orgulho nas pedras e saltar no escuro.
E depois ...  muros.

Acreditem que me trocava. Ia à feira num sábado de manhã e escolhia outra forma, comprava também uns quilos de pouco conteúdo. Havia de ser um pacote tão lindo.
Embrulhado.
De fácil transporte.
Tudo consoante as regras do bem ser, do bem actuar.
Pobremente não consigo.
Sou fraco em jogos.

Mas suporto-me.
Respeito-me mesmo quando me destruo em pequenos fragmentos.
Sei lidar com as vagas internas que quase,
só um quase exagerado,
me chegam ao rosto.
No fim de tudo só posso dizer que sei o que é a dor e os seus demais actos.

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