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Um pequeno conto...




Era uma dor que não tinha fim. E lá estava ele sentado! Tinham-se passado anos, que correram tão rápido como as notas no seu violino.
A realidade é que o tempo passara, e agora sempre que desviava a alma da sua arte, sua alma estava só. Parece que os muitos outros que se cruzaram no seu caminho, tinham desaparecido. Estava só.
A perfeição custara-lhe a vida! "Que preço tão alto", diria em seu coração.
Mas havia uma chance. Pegar nos trapos do amor e fazer uma linda manta, não só de uma cor, mas de várias, tantas como as notas que tocara, tantas como aqueles que o queriam amar e não puderam.
Pegou no telefone, e pensou - "Vou ligar a alguém, partilhar algo, viver" - e assim fez, ligou a um velho amigo. A voz do outro lado suou diferente, era mais grossa mas o encanto era igual, por ventura até maior, era calor humano.
Então ouviu um olá soante, parecia que aquele outro humano não o esquecera. E decorrendo a conversa a dor foi passando, dando espaço a uma alegria sem fim, aquela alegria que as notas passam, e nesse momento ele soube que a música era humana, mas dom de Deus.
De súbito aquele ser que o acompanhara na dor disse o que parecia impossível, afirmou que havia tempo, disse ele - "muito passou mas ainda não acabou".
E de súbito o verde, ou sei lá o arco-íris na esperança iluminou a sua escuridão. Era uma luz de esperança, de vontade de começar. Parecia que Deus lhe tinha dito - "Eu perdoou-te" - e era tão grande aos seus olhos o pecado que o deixara só.
Do seu coração irrompeu uma vontade de começar de novo. Despediu-se do seu amigo, e ao deitar-se rezou, ou melhor, falou com Deus e prometeu que ia mudar, que ia começar o caminha de novo, e nesse momento parece que o crucifixo, que tinha não sabia bem porquê no seu quarto, sorrira para ele. Adormeceu sentindo que a vida lhe fervilhava nas veias, como nunca fervilhara. E gritou no intimo do seu coração "ESTOU VIVO"
No dia seguinte não acordara. Tinha morrido, mas ao contrario de muitos, esta alma amada de Deus, tinha vivido, e ouviu para sempre a sua musica com Deus e com aqueles que tanto o amaram.
Este texto é um tributo à amizade. aquele sentimento tão nobre, que só pode ser divino, que os homens têm uns pelos outros.
Mesmo que muitas vezes não compreendamos os nossos amigos, nós sabemos que eles são tudo para nós, e que lá no fundo só queremos o bem para eles.
Aos meus amigos peço perdão pela teimosia, mas eu queria tanto que eles vivessem! E sabem , o peso dividido é muito mais fácil de suportar.

"credite amori vera dicenti"
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Pedro disse...

ta muito bonito....trancendeste-me...esse violinista era mesmo obçecado..loool....e aperfeição arranha-se apenas...é impossivel de ser alcançada....ta um bom conto...parabens!!!!