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Tenso




Os restos de mim em palavras tensas de sempre.
Quando vão perceber que cada riso é uma sentença de morte? Esconde-se tudo em casas alheias que são nossas. A verdade exprimida por gritos elegantes que saem ao som da loucura de não querer saber.
É o trabalho da semana, as imagens de melhores tempos,as cicatrizes que nunca curam e custam segundos antes de dormir. Jogo de espelhos que nos enganam e alienam entre noites de amnésia voluntária. Eu sei, é difícil demais lembrar. É impossível meter a mão ao peito e arrancar tudo que lá vai.
Ninguém nos pode ver assim, moles, fracos, caídos na lama que construímos e tanto queremos esconder. Jogo de fotos e do pião, da imagem de ontem e da sorte amanhã.

A terrinha é aqui, entre o que quero hoje e o prefeito que já sou. Manhãs de certezas expressas em cafés com outros, os estrangeiros. Esses tensos que não falam o mesmo que eu. A gente daí não se abre, pensa com palavras feitas de outros. Faz coisas de outros dias, de outros tempos.
Essa gente não sabe quem sou eu. E eu sei?

Corre menino, corre. Teus olhos já fogem da cor. Pintas em telas de dia cores de luar, por isso não percebem. E depois essa dor de perder, essa vontade de partir aquela estátua que não és tu.
   (não sabes que não sou eu? esse quadro aí, esse perfume, essas frase aí espalhadas. não sou eu)
Eu sou sempre despedida, ruína de paredes vazias, areia que faz cair as casas. E disso tudo me orgulho.
Só queria menos despedidas mesmo que saiba que meus verbos são  fogo que queima.
-O que é que achas?
e tudo ardeu!
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Anónimo disse...

Mto bom este texto!
Um abraço!
PA