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Cantando



Toupeiras fazendo buraco
   (canta. canta tudo. canta para sempre)
na terra seca e fértil. O chão falindo devido aos túneis escavados em noites quentes e abafadas. Rolamos nos lençóis e o solo caindo, nós já sem chão e o céu perto.
Nós já sem porto onde atracar porque o mar está bravo e o chão caiu à muito. Vemos o inferno ali perto e tudo num fio débil.
   (cantando o peito aberto. canta. canta sempre)
Fazemos jogos de recreio entre gritos eufóricos, no ar cheiro a bolos fofos e quentes. Na pele o suor das brincadeiras eternas que nos ficam guardadas lá dentro. Pactos de sangue professados em tendas secretas no fundo do jardim. Impérios conquistados por um pau seco encontrado num monte misterioso.
Toupeiras, incansáveis mineiras, trazem o tempo pelos túneis e as brincadeiras vão caindo. Nós caindo entre o céu e o inferno. Nós!
A voz atada por cordas necessárias.
A vida eternamente necessária, urgente, obrigatória.
A mão quieta, porque os grandes não brincam.
Um dia tomba tudo, porque as toupeiras não param, e ficam à vista os túneis ancestrais. As escavações das lágrimas lá dentro.
Portanto, vamos CANTAR!
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