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A maltratar meu coração




Sinto falta de te sentir assim.
Sinto mesmo!
Parece que a vida te desiludiu.

As notas secas no piano, o som estendido do clarinete. Cansaste-te de acreditar e a melancolia entrou em ti. Podes fechar as portas, mudar as setas e esconder os lugares, mas sabes que vais ser sempre assim. Foste assim feito. Acreditas, sonhas, esperas e desilusão.
Só te queria dizer que não tem de ser tão triste. Ontem, ia na rua e via os carros passar, iam para os trabalhos. Bem, não sei, eu acho que iam. Senti que aquilo tudo era falso. Todos alinhados em fachas
   (as pessoas que vão a andar. o rapaz com a música em volta dele. hoje gastei as palavras e só quero os silêncios)
pensando no filho que ficou na escola, na conta da luz e do telefone. Eram condutores de vidas, não de carros. Conduziam o futuro sem o saber. Sabes a vida é mesmo assim. É por isso que acreditas, sonhas, esperas e por vezes, é inevitável, perdes. Mas há sempre quem ganhe.
Olha, não sei! Já não sei falar sobre nada. Só não queria que fosse assim, ter de te ver todos os dias a guardar a vida em cofres. Pões tudo lá dentro, trancas tudo e vais ver a rua. Depois falas no plano de ontem, pões os olhos ali longe, apagados o infinito.

Um dia disseste-me que tinhas de acreditar no final feliz, eu pensei que era loucura. Agora não sei. Quem lá no fundo não acredita? A vida não pode ser um luar desesperado a derramar melancolia. Não pode ser uma canção triste de desilusões abafadas em noites longas.
Portanto, tem de existir um fim feliz. Agora quando?
   Não sei...
Tenta ver uma amanhecer que traga o que tem de ser.
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