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Sansão



É madrugada e o meu corpo pesa sobre a insónia do condenado.
"Vi o amor" - digo
vi-o e sei as dores do seu exercício. Não me farei de desentendido,
porque esta vigília é causa minha, arrancada às palavras loucas proferidas no casulo do teu corpo.
Alguma vez me amaste?
Por nada entreguei meus segredos, ocultei minhas questões nesse emaranhado de possibilidades.  Como desejei todo um mundo novo.
Vidrei meus olhos nos teus e teu semblante mais desperto que o meu,
sabes,
acreditei mais nas tuas dúvidas que nas minhas.
Sempre viste mais longe e eu pequeno querendo subir até ti, até esse místico lugar onde as minhas forças poderiam descansar.
Digo-te agora algo que não queres ouvir,
(como te disse mentiras sobre as exigências do meu ser)
meus cabelos eram teus.
Meus olhos estavam ao teu serviço, porque de ninguém fui como de ti e custa,
arde
corrói a esperança (se a houver ainda em medida suficiente no mundo)
aceitar ser levado pela mão num acto de sacrifício.
Que ganhaste?
Vendeste a minha alma por uma certeza, rompeste o silêncio que fiz em cada noite sobre o teu corpo que dormia.
Quem te guardará? Pensas que a vida é descer a rua deixando os vultos calados esperando?
Ninguém foge do passado...
E o teu amor pode ser pequeno, podes até ter desistido de algo realmente teu, mas entende as estrelas são cemitérios de luz que durarão para além das noites distraídas.
Sinto vento e nestes pilares aonde me encontro, toca-me a real solidão, aquela que acorda a mente para cada osso do corpo.
Não te esqueças de mim! 
E agora, quando nascerá o dia do sacrifício?
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