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Diz às multidões de amanhã, história, que lutamos valorosamente, mesmo sabendo que os heróis são para as crianças, nós lutamos. Atravessamos vales e pontes como o rio.
Corremos escarpas, rasgamos roupas e sentimentos até nos tornarmos animais por ti, civilização. Vimos uns imperar, outros enriquecer, muitos a ganhar, outros mais a perder, mas lutamos. Raspamos nossa pele nas pedras para que fossem lisas para outros. Morremos cada dia um pouco para que outros vivam mais que nós.
Faz história, mas faz mesmo, que não tenha sido em vão, lembra-nos eternamente. Põe pedras em nossas campas, frases em vossos livros, datas em vossas agendas, pausas em vossos dias. Mas, por favor, não te esqueças de nós. Não os trais por moeda menor, ídolo fraco, cantara de barro.
Nós fomos ouro Portugal. Escrevemos o teu pulsar com nosso sangue. Esquecemos noites a pensar cantar-te com nossas insónias verbais. Porque nos trais? Porque fazes com que tudo passe e o vento leve nossa labuta para lugares mortos?
Merecemos mais que os da bola, os da TV. Fizemos tudo por ti, pelo teu povo, pela tua boca que fala tão belamente, palavras que nós acariciamos desde o berço. Mas o teu povo chora pelas cebolas do Egipto, implora pelas chacinas da grande prostituta, enterra-se na barbárie do sangue entregue ao vil metal.

Mas na futura tempestade
continuaremos unidos,
meu povo, porque nos amamos.

PS: A todos os escritores portugueses.
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