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Entregues



Vem aqui.
aqui mesmo.
Por tudo, vem aqui, abraça-me o corpo e dá-me a beber sonhos.

Vou ver uma luz lá longe!

Arranca as estrelas lá do céu,
faz-me um colar.
Orna minha fronte com os teus segredos de pessoa.

Vou ver uma luz lá longe!

Constrói uma casa com esperança
e perfuma nossa cama.
Quero perder o medo hoje, amanhã e sempre.

Vou ver uma luz lá longe!

Guarda-me em teu poço,
nesse abismo colorido.
Vamos ver uma luz lá longe!


Pausa



Se a vida fosse escrita em momentos de cansaço ... em momentos de limite como este onde estou agora, haveriam menos palavras. Haveria mais silêncio, menos exageros vaidosos, ou mentiras descaradas.
Ai, se a vida fosse escrita em momentos de consciência, ou em momentos de pequenez como quando é noite e a cama sozinha espera por mim ... Seria tudo tão mais simples, tão mais verdadeiro, tão quente como um abraço de alguém querido.

E enquanto me passam pela cabeça cenas imensas, actos completos onde muitos actores se passeiam como que perdidos,
enquanto isto, ou uma planta lá fora cheia de vida e cor,
uma música no rádio, um sonho no peito, uma vontade eterna de sentir uma mão diferente.
Imagino os silêncios, os suspiros, o bater do sangue nas veias como uma maré certa num pôr do sol de Verão eterno.

Se a vida fosse menos armada de jogos, com menos certezas e mais sorrisos. Sei lá, com mais sol a bater na face, ou chuva nos vidros enquanto eu na cama menos só.
Como anseio por algo simples, doce e puro ... 


Posso-te amar ?



Num jardim onde o Inverno morreu por ser afastado da chuva,
(romance antigo esse, entre o Inverno e a chuva. dava uma história imensa)
as flores, adormecidas pelo luar vigoroso, permitiam prever um beijo de amor como nos filmes vistos no Domingo à tarde.
No colo pousado, ele. Perdido entre o sono e o sonho idílico, mirava as águas de um lago perto, sentido na espinha presságios de uma felicidade infinda.
Uma mão que tocava sua pele lívida como a lua, sua testemunha.
Uma voz doce falando belezas desejadas.
Uma vontade que o tempo parasse e assim a gente ficasse ali com as flores e os grilos.
   (um universo de sons. a noite cai e os grilos preenchem o ar.quero cantar uma canção linda)

Silêncio
 Toque
  Desejo

Um beijo por fim.
Posso-te amar?


Ninho de rola



Harpas e uma rola que fez ninho na minha janela. Rinocerontes grandes e imensos, misturados com elefantes enormes, lutando com árvores milenares de um mundo com cem anos.
Eu acredito no sol a queimar a pele da gente que passa fome. E ele levanta e cai, rebolando pelas nuvens e chuvas, até chegar a um ponto onde beija a lua e se extingue.
Depois são fadas, orquídeas e eras abraçadas enquanto borboletas voam em direcção ao indefinido. Elfos dançantes com harpas, rolas, rinocerontes e elefantes.

Tenho chocolate, pêssegos, açúcar e canas. Ofereço tudo às formigas, elas merecem.
Acredito em colmeias de gente, onde o mundo não para e os segundos são milhares de histórias num espaço só. Anseio pelas torres de Babel principalmente por serem inacabadas. Canto sons da natureza durante noites solitárias, numa tumba onde passo mais de metade da minha vida. Uns chamam-lhe cama, eu não gosto do termo e a rola que fez o ninho lá fora também não.

Extremos paralelos. Muita gente foi feita para se amar mas não consegue.
Culpa da música e da arte. Apaixonam a gente e fazem sustos à morte. Até ao dia em que a rola partir, vier a chuva, os elefantes pararem e os rinocerontes deixarem de ser da cor do céu e se tornarem cinzentos.
Quando a fantasia morrer espero já ter uma torre bem alta.
Depois abraço um vestido negro, canto um ofício e contínuo o caminho com uma foice na mão.

no fim,
sonetos de Camões sobre o amor, sempre eternos, sempre grandes, sempre quentes.
tudo menos Inverno ...        


Folhas de Outono




Se te disser que as folhas de Outubro me trazem paz sei que vais dizer de novo que estou louco. Vais me perguntar pelas refeições, pelos fármacos, pelos sonos e sonhos. Mas, mesmo que me ponhas lá de novo, só te quero dizer que é verdade.
Que me importa que o mundo caia, ou que os faróis me batam nos olhos fazendo cores infinitas. É verdade, as folhas de Outubro trazem-me paz. Fazem lembrar o triste fado das palavras de seda que enganam por serem doces.

Já tocaste seda, por acaso?
Ai, não.
Então cala-te!

Que sabes tu de dor e mentiras contadas no meio de copos de ternura? Dos estalos e bofetadas do caminho só? Para ti é tudo perfeito. Limpas a cara com a imagem da moda. Dizes o discurso do contra, que fica sempre bem e vais ver a quantas anda o bailarico escuro.
Achas-te gente? Achas-te alguma coisa?
Tens um coração que mente. É isso que tens. Que mente e nem sabes porquê. Tu sabes lá alguma coisa. Levas a vida ao desengano de te achares algo que não és. E à noite, quando as vozes se calam e se partiu o tacão,cais ao chão e resta a almofada para trincar na dor.

E no fim disto tudo, eu é que tenho uma vida estranha que tem de ser encerrada entre indesejados. Olha, vou-te dizer: eu tenho vocação de meretriz, só não tenho coragem. Coragem de ver mais que o certo de sofrer meticulosamente este plano teu quando dizes: não há folhas de Outubro com paz.  


Sol dEste




Somos nós, sou eu
sempre um mata borrão
perdido lá no céu.
Perdidos no exército celeste,
atacando o dragão malvado,
ou a morte no descampado.
Esperando o sol que vem de Este.




Dorme bem. Dorme muito bem!
E quando acordares,
Não te preocupes
Estará sempre alguém.

E mesmo se fugirem todos
E tu acordares só.
Vá lá, não chores
Tens-me sempre a mim.