A história de umas palavras
Por entre um sono, que me acalma os sentidos, vêm à mente as imagens de falar.
Falar o quê?
Ainda te lembras das palavras presas, dos sentimentos mortos na angústia da mentira?
Como podias esquecer, é inesquecível! Os dentes que se cerravam num ardor interior, numa vontade de esbofetear a calúnia.
Acordava-se de manhã.
máscara,
discurso,
saída,
mais tempo que fugia num foguete.
E tudo corria rápido pelas veias, como a droga de se enganar a si próprio.
No fundo, era tudo amar um passado com a esperança que o futuro não viesse. Era recear o futuro ingrato, que, mais cedo ou mais tarde, iria vir.
Não sei. Não sei mesmo. Cansei de saber tudo. A mãe que diz ao filho para sair, o pai que diz para ficar. A noite que vem trazendo a vontade de desaparecer. Que vai ser do tempo? Sim, diz-me tu, que vai ser do tempo?
São passeios pelas ruas, folhas no chão, recordações de um passado que não encaixa mais. E vais buscar as chaves, as porcas, o martelo, as tintas e as limas. Tentas encaixar tudo, fazer uma casita linda,
(uma casa quieta, cheia de pessoas. quem disse que não se é feliz só ou alegre com muitos? se calhar quem disse tinha razão. não sei. não sei mesmo. cansei de saber)
mas o projecto não encaixa. Será do cimento, da tinta, das limas,
(limas as arestas. pões tudo direito. o que foi feito de nós? estamos mais moles? bem. pões lá tudo direito ou não?! direito é o bem)
da chuva que evita a obra, dos trabalhadores que faltam? É do arquitecto. Só pode ser.
Porra para a porra que isto não se compõe. Deve ser o concílio do Olimpo.
Será Marte? Não pode. Farto de guerras já ando eu.
Ou Júpiter? Duvido. É complicado que ele mande em tudo e eu ainda ande cá.
Não é dos deuses. É da chuva que apagou tudo, até a dor que está cá na mesma.
E, evidentemente, do tempo. Esse malvado que passa.
(ninguém me tira da cabeça que o arquitecto também tem culpa)
Entre o sono, que impediu este texto durante este tempo todo
(eu não disse que o tempo tinha culpa? ainda vamos livrar o arquitecto)
Só quero ficar livre neste momento ... pronto, já passou o momento.
E agora:
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...
Publicada por
Unknown
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