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Pessoas num mundo




Um dia as pessoas eram minhas. Noutro já não eram...
Se calhar nunca foram.
Porra de texto difícil. Está aqui escondido debaixo da mesa a piscar-me o olho dizendo: "escreve-me, vá lá. põe isso em linhas cortadas ao dicionário!" E quando o vou apanhar num salto ele foge feito gato bebé.

Um dia eu pensei que tinha pessoas.
   (eu sei. é estúpido. ninguém tem pessoas. mal coisas quanto mais pessoas)
Pessoas presas em fotos e em ideias captadas na lente dos meus olhos. Afinava eu a graduação e o zoom e lá estavam elas, meticulosamente pousadas em armários, paredes e estantes.
Hoje afino tudo certinho
   (milímetro de pó no peito. sabem quando se fixa o horizonte e se vê a gente?)
mas não vejo nada arrumado. Assaltaram o museu e levaram as peças.
Raça de tempo ladrão!!!

Um dia eu pensei
   (erro tão grande! mania de pensarem. façam, digam, sejam)
na possibilidade de grudar aí um punhado de tipos e levá-los comigo por aí.
Hoje já não tenho ideias dessas.
   (virei idiota. talvez. vou limpar o pó a isto)
Trago às costas uma cidade fantástica. Onde passeiam pandas transparentes e tigres pintados às bolas de uma cor garrida. Tenho lobos que uivam canções de amor à lua pintada de azul/verde do mar. O sol já não dorme nem a lua se esconde.

É pá, eu sei que tem um bocadinha de pó. Talvez venha alguém limpar
Mas se não vier ninguém é pena.
O mundo fica cá.
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