Dois corpos submetidos a um canto onde a cegueira das vontades os consumia. A respiração rápida, cheia de volúpia e sufoco. Era sexo, sim, sexo. Corpos unidos num desejar de animal consciente.
Era o toque, os arrepios e os sons agudos.
Dois homens numa rua escura onde pingas de chuva caíam. Protegidos pelas suas vidas cheias de locais para estar. Era um encontro imediato, desejado mas não querido. Corpos desconhecidos que se cruzavam na rota de um eixo apertado. Estava tudo no limite.
Era a vontade, o desejo a ânsia.
Dois seres estendidos numa manta de roupa saída dos seus corpos. A respiração funda, pausada e consciente de um segundo que passou. Era desprezo, desgosto, queda na fundura do que são. Paralelos, agora, nunca mais se veriam. Era a mecânica do universo onde as rectas da vida não se encontram.
Era o adeus, o nojo, o latejar consciente de um até breve.