Soube um dia que a vida tinha sido escrita num papel sem linhas. A tinta correndo em folhas levadas pelo vento, enquanto um gato, sentado sobre um tronco, me anuncia a derrota.
Uns pobres, outros falidos. Olhares, feitos de água, perdidos no poço lá dentro. A tinta corre, os cabelos rareiam e um branco teimando neste escuro.
Desmontei no tal dia, na hora certa e no momento pré-definido os restos de mim. Arrumei a glória numa caixa velha e a esperança numa jarra de flores secas.
Olhei o ar e as lágrimas da minha derrocada vinham do céu. Assumi-me como nada e a luz fugiu.
Aprendida a lição calei as falas. Espero, numa certeza morta, um momento de luz. Talvez, se tal me permitirem, uma mão acompanhada dum rosto.
Bebo um chã antigo com sabor a flores brancas que cortejam a lua. Em pano de fundo uma realidade lenta, com planos cinza e um gato de olhos verdes vendo passar o meu cadáver.
Tudo parado,
agora ...
(melodias lentas enchem o lar. um violino lamenta as minhas culpas. arrepios)