Querendo ardentemente passar aquela porta, apanhar um táxi e dizer adeus. Passar a ponte numa hora sem trânsito e desaparecer.
São uns metros, uns olhares, uns suspiros e adeus.
Querendo ardentemente perceber o que falhou. Transpor este sentimento de derrota e falha que me entra pelos poros. Passo a ponte numa hora deserta, em que gaivotas sobrevoam esta história com gritos de espanto.
Tinha tudo para dar certo. Não deu.
Querendo ardentemente arranjar algo amnésico. Pouso o saco, lavo o rosto e engulo uma pílula branca.
Um rosto no espelho: olhos, nariz, boca. Tudo vazio.
Ponho as chaves entre os dedos, bato a porta, vejo a ponte, sigo para um bar.
Nisto, um beijo de uns vultos na rua, pássaros, plátanos e a avenida onde me davas beijos antes. Beijos de graça e quentes, enchendo meus olhos, meu nariz, minha boca.
Paro o carro, vejo a ponte, volto ...
Querendo ardentemente amar-te!