Subiam-se os degraus e o eco de bater nas pedras. A madeira a bater nas pedras e o som espalhado assustando as almas.
É isto o tempo.
Passos dentro de um eu enrugado pela devoção.
É isto o tempo.
Pingas de chuva numa manhã cinzenta, chata, desconfortável.
É isto o tempo.
Repetição séria dos costumes, azares e desamores partilhados por milhares de desconhecidos. Somos mamíferos doentes.
Subiam-se os degraus para o céu, em volta o trânsito dos pássaros, à frente nuvens perdendo o encanto pois choram as mágoas eternas. Na terra os entes estão em camas. Choram uns, beijam outros, faz-se gente entre arrepios de pele.
Batem os corpos na terra e o coração de muitos alimentando as flores. Filhos, pais, padrinhos, tios, amigos, estranhos e no fim uma escada infinitamente só.
No fim.
Acabam-se as manhãs adiantadas, as noites perlongadas e o escuro em pleno sol.
Subiam-se os degraus e o eco dos erros cometidos durante o tempo. Batem os pés e isto já sem tempo.