Quando eu morrer levem-me longe.
Fechem-se os guarda chuvas e sepultem-se as gramáticas.
Afinem-se os pianos e toque-se Beethoven com força e ímpeto. Ame-se a arte e os artistas, os sonhadores e filósofos.
Quando eu morrer sejam os homens utópicos, cheios de ilusão e presenteio sorriso. Amem-se com sorrisos de simpatia, como se de licença na fila se tratasse. Ou favor cortês, que de tão falso, tão verdadeiro e intimo.
Quem nos ensinou a arte das capacidades naturais?
A morte ... sem dúvida!
Quando eu morrer exalte-se a sepultura dos pobres, aquelas que nem lápide tem.Pinte-se as paredes com ocre arrancado das terras lamacentas do deserto africano. Levantem-se montanhas e as deusas do destino me venham buscar.
Gostava que me levassem em braços, como se estátuas lindas e sérias da Grécia se tratassem.
Quando eu morrer façam um livro onde não falem de mim. Apeguem-se as marcas da minha existência e multipliquem-se os roubos ao que foi meu para que seja de todos.
Se assim for a minha passagem estarei em paz porque esquecido.
Se tal não me derem ficarei sempre cá, assombrando a tolha que usei hoje para o banho, ou o canto da sala onde deposito uns livros atraente mas profundamente desoladores.
Meu Deus como há verdade no mundo !!!
Caiu um trovão lá fora ...
Vou pousar o corpo no pó das obras da marquise, talvez o tempo pare nuns minutos que são horas e o Espaço se expanda ... adeus CORPO!