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Novela de vida ...






Tá dito!
Vais pegar nisso tudo,
   (catrefadas de porras inúteis tiradas a meninos. muito se guarda nesta vida!)
tratar desse cheiro de flores e vai-te embora.
Nem verbos,
nem nomes,
nem datas,
nem sonhos!
Acabou-se o rito explicativo, o tempo de estágio e o período de experiência. Agarras nessa tralha toda,
   (tenho papeis, revistas e livros cheios de histórias. muito se guarda nesta vida!)
desapareces-me da  vista e, por favor, leva o cheiro das flores.

Ahhh - que dizes? Tinhas sonhos e projectos?
Isso não dá pão! Deixa-te de tolices, abre-me esses olhos e vê os prédios,
os carros
e as montras.
Ai!!! Qual árvores qual quê! Nem pássaros, nem gatos  desfiando novelo
   (loucura. carrego às costas coisas. dizem que são minhas. edições paridas pela maiêutica do meu ver. muito se guarda nesta vida!)
ou meninos brincando à bola na estrada sem dono nem rei.
   (recordo os paralelos de quando era pequeno. aquilo feito de pedra cinza brilhante. esses não os carrego. mudaram de freguesia. parvos. tenho saudades deles)

Bem, já te calaste. Ainda bem!
Só mais uma aresta, antes de fechares a porta e levares para longe essa treta tua. Limpa a casa! Talvez saia este cheiro de funeral,
este tributo às estufas,
este odor adocicado de romance normal trazido por um aniversário habitual.
Por tudo:
almas,
santos,
amiguinhos do lado de lá
e o bem aprendido nos bancos da igreja,
(esses também não são iguais. estão lá. mas tão diferentes)
leva-me o cheiro a flores!!!
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