Share
ShareSidebar


Instante



Os relâmpagos que passam no alto.
O tempo codificado no granito montanhoso da elevação.
Podem ser sonhos ... talvez quedas ... frémitos repousados num meticuloso segredo de forma. A vida acumulada em camadas de segurança escondida, a história reproduzida numa caixa de silêncios impostos, belos, e delimitados pelo rosto.
O granito sulcado pelo avançar das estações
flores,
verde a morrer,
cor,
neve e umas lágrimas que marcam.
Do alto sai um fumo que paira, não impressiona.
Pode existir a dívida, o logro do sonho antigo, ou até o demónio entranhado à forma de epidemia, mas a montanha permanece.
A pergunta lançada numa esplanada de fim de tarde onde passam transeuntes desapegados do corpo em áureas de segredo e pedra: são montanhas ... mármore ... areia ... fim.  O corpo a tecer uma teia de pânico e desequilíbrio onde o fio é o confesso de quando criança,
a primeira noite a dois,
a morte da mãe que ainda nos corre no sangue,
os filhos perpetuados numa dor de falta, num desapego de alma que brinca às escondidas com ela.
No fundo da estação um homem distribui panfletos de cor, pretos passeiam-se com ar de má nutrição, também praticam a experiência da fúria retardada que socorre os povos brandos e repletos de vergonha sobre a pele.
- Mas que achas ? - diz o vulto que me interpela.
- Não sei. ainda não pensei em nada.
E o mito da perfeição solta-se da caixa onde vive a beldade infecciosa.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: