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Púrpura



Há uns laivos de desgraça na natureza. A natureza expressa-se pela finitude dos dias.
Vejam as crianças:
brincam,
saltam,
jogam.
São inocentes e, portanto, criminosas que alegram. Custa muito a crer esta verdade, é ocultada pelas compras, pelas cores, pelos segredos internos ao funcionar da engrenagem que somos,
(o todo. menina o todo é que interesse. pegue nos números e saia)
mas as crianças são um crime,
uma criação material da clareza,
uma amostra poderosa das nossas esperanças.
Por isso as vamos aniquilando, mimando, transportando para um universo novo, cheio do crescimento completo.
"Elas hão de contemplar o tempo como contemplamos. Sentir os anos correr e depois ... "
As crianças são mártires e a marca do nosso terror. Apresentam-se como índios encolhidos numa língua própria onde povoam semânticas estranhas.
São vales, elas
(as crianças. onde andam elas. sai de casa parva !)
negam a recta que este tempo é.
Somos uma linha contínua, uma perspectiva complexa mas exacta apetrechada de números
e elas vales.
Negam-nos, percebam ...
São anti-naturais, ati-cristo, anti-razão.
(perdoe falar-lhe com a razão. sabe que os tempos são caros. assine esta sentença paga)
Por isso há laivos de desgraça na natureza: são as matérias puras, nem homens, nem o nada.
Levitam, percebam ...
Acabemos por reduzir essa desordem com a força do comando, já se ouvem os livros cair.

It's happening again !
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