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O canal



Ilhas, pedaços de terra flutuar sobre o mar. Não há fundura ou pertença, só abrigos pequenos capazes de salvar a alma e molestar o corpo.
Ilhas
eu contigo num misto de alienação e contentamento,
nós sem um tu, pensando e pensando.
Vejo a cidade cumprindo-se numa fortuna de mar cheio de pontos povoadas de nevoeiro.
Ai, pensando e pensando: "ontem tudo e hoje nada". Arrancando suspiros antigos, memórias de criança com campos de milho verde a secar ao sol e festas de anos na garagem antiga. Tu sabes, a cabeça voa rapidamente quando os autocarros avançam e destinos infinitos se cumprem num mistério síncrono.
Há sempre um carro na avenida, para onde vão eles?
Só os solitários pensam isto. São os abandonados à descoberta cavernosa que entendem as sombras.
Ilhas, mar ... meu Deus quando o coração abranda num respirar mais audível tudo são metáforas!
A culpa é do saber, em grupo de pombas nada se sabe, caminha-se. Ri-se quando a trupe se encontra, rói-se a vigília de cada segundo ouvindo o mar. Diria que se fica por terra, a consciência acalma e absorve um fervilhar de entendimentos e concepções, pousar a alva e enfrentar o pátio
cantando
em pequeno havia também igreja. o sol dos plátanos. doces imagens da minha mãe. 
crendo, roubando,
assustados pelo som agudo da possibilidade:
amam-me, não me amam.
Ontem enquanto via as ilhas pensava na Terra,
não te impressiona como podemos ser maldosos?
Na terra dos caminhantes tão facilmente se deitam fora os contos confessados num milagre de confiança. Dão-se às ilhas rotas preenchidas pelos beijos mais ternurosos que demos às nossas mães,
esperança de luminosidade durante o mau tempo sempre à cata, para quê?
Cada pedaço de humanidade pode ser tão facilmente desperdiçado numa pequena vingança, num sorriso manhoso de vitória aonde cavamos a sepultura da solidão eterna.
Ilhas vos digo, ali no fim de tudo contemplando o mar tão igual e por isso tão inefável.
Se quando estou só tudo fabrico, quando te toco, caminhante, porque me desfaço num estilhaço de arrependimento incapaz de amar aquela terra mais além, depois deste estreito mar que vemos.

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