Enquanto ouvia dia 13 de Outubro a homilia de sua Eminência o Cardeal Tarcisio Bertone no recinto de Fátima, ouvi o secretário de Estado do Vaticano dizer que é importante que os cristãos do novo século não se calem, "Não nos podemos calar...", disse ele várias vezes.
E sabem, o apelo do Cardeal italiano tem muita razão de ser. Os cristãos de hoje calaram-se, é tabu falar de Deus, de religião, de ressurreição, de salvação, de entrega a algo transcendente. Estamos na era do controlo remoto. Os homens pensam que podem controlar tudo e todos, como se tudo fosse manipulável, e como se cada um fosse um pequeno deus, que controla o seu pequeno mundo.
Os cristãos calaram-se, porque vivem mergulhados em si e na fazem a experiência de Deus, e quem nada tem nada pode dar. E aqueles que até algo poderiam dizer fecham-se em suas casas, com a sua TV com mais de 70 canais, ou com ligação ADSL, à internet.
O medo de se ser diferente que a sociedade abalou o coração dos homens, todos querem ser jovens e belos, com uma conta bancária recheada, e com bons carros e lindas vivendas. Estamos condenados a ser iguais. Caímos na banalidade de ser todos iguais, onde cada um deve assumir o seu lugar. Calamo-nos, conformamo-nos e pensamos que nada tem valor a não ser o momento. Enchemo-nos de comodismo e assim não queremos enfrentar o diálogo com os outros, calamo-nos porque é mais fácil do que discutir uma ideia, defender um ideal, mostrar aquilo em que acreditamos.
E se isto se aplica aos cristãos, este mal chega a toda a sociedade. Basta ver os actos eleitorais, a abstenção ganha sempre nos resultados. Parece que os homens na se querem prenunciar sobre nada, tudo é relativo a cada um, e infelizmente calamo-nos sendo levados pelas modas e pelo "normal".
E sabem, assim o homem perde todo o seu valor, porque não tem nada para partilhar, porque nem sequer tem algo para falar!
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