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Falam e não sentem




Tenho as palavras presas
agarradas a mim,
perdidas,
fechadas,
enclausuradas,
entre a boca e o coração.

E elas andam tão baralhadas,
escondidas
e erradas,
morrendo-me nos lábios,
porque são ocas,
sem emoção.

E se sentimento têm,
as danadas das sílabas,
nunca me dizem,
são sempre inacabadas.

Perdem-se elas em relativos,
refugiam-se em penso, acho, opino.
E nunca falam de lá de dentro:
dos meus motivos,
do mais importante,
a EMOÇÃO.

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