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Interlúdios





Não tenho tempo para te dizer quanto gostei. Não tenho mesmo. Ouvi dizeres o óbvio e percebi que merecias um sorriso.
Não me quis lembra do terror de uma noite de votos. Ou de um não, que disseste rapidamente, quando era de um sim que queria ouvir. Fui feliz por ti. Mesmo feliz. Não percebeste isso. Também não há tempo para perceberes.
E esse também tem andado lá perto. Perto do que diz (ai mas xiu... ele não sabe).

De resto, hoje saí cedo com recortes da noite que não foi grande. Música?
   (ainda vou saber quem me pergunta estas coisas na cabeça)
a música não foi. Fiquei pelos ruídos da comida que mastiguei enquanto corria. Carros, muitos carros
  ("hoje tá muito trânsito")
carros de uma forma estúpida em mais uma segunda-feira.
Até houve que fazer. Melhor, até se inventou coisas bem boas. E o outro que me apertou a mão com coração apertado. Eu sei, não sei como é com os outros, mas sei como foi comigo. E sabes...  o cheiro daquelas paredes brancas nunca me saiu. Ai, é um cheiro de terror.
Aqueles vestidos de branco a discutir numa língua de gente fria. Sem aqueles Vs trocados por Bs. Ou cheios da salamaleques de lugares que nos pertencem, mas que nos parecem tão estranhos.
Vais sofrer. Tanto que nem te vais conhecer no fim de tudo. Só vais ver tudo passar, correr e sentir aquela sensação de nada
   ("isso pertence ao vazio [e agora um símbolo todo estranho]")
enquanto eles falam e outros choram ou riem com caras falsas como que chamando a morte.
Ajuda? Não há. És tu só, ver a lição passar como vídeo que se dá na escola para ensinar. Mas desta vez o vídeo é real e vai doer mesmo.

Sobre os carros de manhã, que fique registado que eram parvos. Quartetos sem silêncio. Música sem pausa. Ritmicamente pobres. Cheios de quadros iguais,
   ("não olhes para mim com cara de defunto! olha para a frente")
quadros expressionistas exageradamente dolorosos de tão banais.
E de carros já chega. Se eram assim tantos já toda a gente sabe. É a treta do mexerico.  

Já falei do Lobo Antunes? o louquinho? Tenho aí uns textos dele (daqueles bons mesmo).
Ele é louquinho, mas já está na barca. Vejam onde ficou o nobre. É que nesta barca nem os cruzados do Camões (do Camões mesmo, não do Vicente) entram. Esses ficaram lá com o magalhães pelos lados do Rato.
Ai rato, que nome tão certo!

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