A cara que se cruza com o nosso rosto e nós desviamos o olhar.
A lágrima de raiva e tristeza.
Que viesse o mar e nos levasse.
Um mar que nos banhasse o rosto e nos levasse este sal, nos apagasse as pegadas na areia e levasse tudo.
Não quero ver o teu rosto, esses sulcos feitos pelo tempo, as falhas que ditam a tua humanidade ...
Só quero que o mar me leve sobre um barco, e embalado nas ondas desse manto azul, ir ter a uma ilha, a uma ilha onde não veja o teu rosto.
Onde não tenha de ler mais linhas ou escrever mais imagens em pedras.
Que viesse um mar calmo e levasse isto tudo e me deixasse dormir lá nas ilhas sem tudo.
E a mágoa na voz haveria de morrer.
Os silêncios de soldados que recordam as mortes de muitos que partiriam.
Seria tudo uma praia à noite. Onde eu me sentaria a ver um barco a levar tudo para longe. Mas tudo mesmo.
E agora baixa o rosto (tu autor, não os outros). Esconde-o bem lá por baixo. Pode ser que vejas uma praia que nunca viste. Lá em baixo, dentro de ti.
PS: Um dia tive um sonho em que me via por cima. Me via como se fosse outro. Estava deitado na cama de olhos fechados e por cima outro eu de lhos abertos.
E sabem, até gostei de me ver assim: um eu a ver-se ao espelho de forma diferente, de olhos fechados...
Acabei por acordar do sonho e fui ler mais um livro.
Bem, eu acho que acordei. Talvez ainda ande a ver onde estou melhor ao espelho.