Pedras da calçada vamos jantar?
Vamos perder tempo nos olhos do apetite?
Podemos discutir os momentos em que vos pisei. Pisei sim, mas ignoraste a minha dor. Vos fizestes caminho mas fui eu que andei.
Pedras da calçada vamos falar?
Agora é Outono e há folhas, luzes e sombras. É a senhora dos guarda chuvas, é o espelho no elevador quando chego e digo
-Estás acabado!
Estarei acabado?
Não sei.
Pedras da calçada vocês sabem?
Sabem se estou acabado ou morto, perdido ou roto destas mágoas que o tempo traz?
A gente cresce
(você tem de saber que nós crescemos... e não é que agora já não se calam nada?)
começa a contar os passos, os quilómetros, os dias,
(você tem de saber que nós crescemos... e o ano novo que vem, passas, sonhos e mais crescemos)
as horas de trabalho, os livros na estante, e por fim, mas sempre em primeiro, o saldo da conta.
Pedras da calçada o que é a conta?
Cresce mês a mês
e entra
e sai
e mexe
remexe.
Em tudo a conta, o patrão e eu que já penso
- Estás acabado!
Será que estou?
Pedras da calçada,
eu também vos digo,
que eu tenho direito
a ter um sorriso!