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Rua doze



Rua grande, rua pequena.
Um dia vou morrer numa ponte onde passam carros atarefados e velozes.
Vou cair de lá abaixo e ninguém vai notar.
Ainda bem.
Não levo muito daqui!

Rua grande, rua pequena.
Automóveis com pessoas dentro a correr para o trabalho. A gente é comprada por pouco.
Vive-se tão pouco e é tudo feliz.
Não sei.
Prefiro uma ponte alta, sobre um rio fundo onde possa mergulhar a minha dor.

Rua grande, rua pequena, rua doze.
Fartei da vidinha da gente. Um dia ganho coragem, pinto uma ponte com as palavras e atiro-me.
Depois devo morrer enquanto carros rápidos com gente lá dentro passam.
Talvez leve uma música comigo, porque as pessoas quero que fiquem cá.
Estão muito bem por cá ou até mais fundo.
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