Vou beber um copo de veneno doce que me queime as entranhas. Me revele os cantos, as dimensões e as tocas.
Colocar uma música no ar, vestir uma túnica branca e esperar a morte. Uma morte pagã e bem-vinda.
Desejar ver parar esta vontade infinda, este desejo cruel expondo meu coração em carne viva.
Como seria bom um revirar dos olhos agora, umas pupilas dilatadas por verem demais e imperdoavelmente fundo. Ou desistir desta batida insuportável, aqui dentro, entre ossos e veias.
Talvez uma ferida para tocar, uma chaga milagrosa onde tudo se resolve.
A ânsia de um reposta no silêncio da terra.
O desejar de uma luz sem fim.
A crença, sem razão, num milagre forte.
Desejo um copo de veneno que me apague ou me liberte.
Hei de o descobrir.