E porque os textos não podem ser de amor, já era noite. As luzes apagadas e eu sentado num canto da sala. Mastigava entre os dentes o desejo de saber onde estarias. Na mão um copo de uma bebida qualquer. Estou descontrolado mas quieto.
Um vicio de te ter aqui me percorre a espinha e este copo vai partir naquela parede. Estes tapetes caros queimarei e farei das nossas coisas um furacão.
O mundo vai acabar.
Já me sobem ideias para criar o inferno e tu longe. Tu distante e o inferno aqui, adocicado por um copo de álcool. O fogo tocando a pele, é a raiva. Dei-te tudo e agora tu na rua durante a noite. Não mereço!
Eu sei, não se doma o mundo.
Eu sei, não se prende o vento.
Eu sei, o sonho não é meu.
Mas não, sinto! Sei mas não, sinto! E agora, vício!
Vejo faróis de carros passando lá fora, serás tu? E nunca tu. Espero a chave rodar, o som dos pés na escada, o mover das cordas fortes do elevador. Nada ouço.
Maldito copo, quero cair.
Maldito desejo, quero não saber.
Maldito tu, quero-te!
Correm-me as lágrimas, os dentes tremem, o coração salta. Ai, sou inútil ... Meus beijos perdidos no teu corpo dado à noite. Minhas carícias perdidas num eco qualquer onde te escondes. Meu saber reduzido a um vício de te amar.
Parto o copo e caio. Será que voltas amanhã?