Complexa certeza do antes tornado hoje
Alucinante corrida pelo espaço onde sons, luzes e espectros correm e atropelam. A vida numa amálgama de sensações complexas e poderosas, onde o desejo corrompe a língua húmida de desejo. Se amanhã a lua morresse e os homens deixassem de olhar as estrelas, os corpos se tornariam máquinas e os beijos supérfluos.
As caras alegres projectadas na memória e aquele vulto que passou agora, agora mesmo, nos perturbou a calma, o pêlo e o suor. Em cada dia rebentam na cara milhares de deslumbramentos incríveis e imprevistos, é a velhinha do andar acima, o carro encarnado que nos lembra paixão, as fotografias perfeitas dos actores cada vez mais novos.
Talvez o tempo não corra assim tanto e pensar seja mesmo inútil.
(aquela. aquele. aquilo. acolá)
Bombardeamentos de histórias ligadas e as adolescentes aos risos reduzindo a vida. O universo imenso e esticado e nós numa cadeira completando o mundo num equilíbrio eterno de forças.
Uns amam-se.
Uns odeiam-se.
As crianças que aprendam a lição!
(estou bem? estás bem? isto vai bem?)
Nas pedras da calçada insectos dominam a Terra em guerras sanguinárias sem fim. Cá em cima os vizinhos falam. Teremos feito demasiado barulho na cama?
Já nos julga deus!
A menina do primeiro esquerdo que chora antes da papa e o pai à noite nos sites mais educativos.
(compreenderam? talvez ...)
Talvez a lua fique mais um pouco, mesmo que morta. Ao sábado uma comédia com laméchices e casais no Verão junto ao rio. Dão a mão e andam calmamente.
(os que podem andar. será que estão a ver? e todos a ver)
Um dia o sábado passa e nós todos numa maternidade a ver crianças iguais.
- Tua filha
Mentira
- Tua filha
Mentira
- Tua filha
Ai.
(linda, linda, linda)
Lá se ficam os sábados prolongados como um cigarro saboroso à noite. Os cinemas tardios acompanhados por uma bebida mais quente. As ausências duplas servidas com beijos e um molho de desejo
(sempre desejo. sempre. sempre ... até um dia: filha)
picante, e adocicado.
Será que o tempo nos torna moles?
A vida semelhante, que não era semelhante
(cá dentro)
e agora igual. A cama com lençóis
verdes
brancos
vermelhos
às bolas
aos quadrados pretos em fundo branco.
Repetição deste ritual eterno, com saídas à loja da moda e nós que engordamos. As decorações com velas, pó e estantes. Toalhas eternas que não secam porque enfeitam. Temos um cão, vizinhos,
(a velha. a menina. lembram?)
desejos recalcados. Freud que grita à janela e um alarme novo na porta. As centenas de canais na caixa fina que faz tudo, vidas doutros contadas com mestria maior, ou menor.
(maioritariamente menor)
É tudo tão falso!
Por isso, falei com os cientistas e descobri o universo. Vou rescrever e contar-te um conto novo. Beijos num canto, o mobiliário antigo no sótão e corpos que se encontram em êxtase.
Ainda te lembras?
Publicada por
Unknown
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