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Mão de fora




"Põe a mão para dentro"

Achas patética a frase, o sentido, o momento, mas guardas a mão.
Já é duro perder em tudo para quê perder também na porra de uma mão?

"Olha que é muito perigoso a mão fora do vidro!"

E tu fazes contrariado, a vontade. Não porque tens medo de ficar sem a mão, mas porque sabes que tem de ser, o sangue fala mais alto.
Cumpres o pedido de carência, de amor preocupado.
Tu até já és grande. Fazes a coisas dos grandes, lês as coisas dos granes, falas o assunto dos grandes.
O pior é que ninguém sabe a vontade que tenho d ouvir uma história de embalar, cheias de dragões e cavaleiros, leões e cordeiros ou princesas e bruxas.
Deitar no travesseiro e pensar no castelo perfeito, com as salas perfeitas. O lugar perfeito onde vou ter quem eu quero, para fazer o que eu quero. Um sítio onde se encontre o riso nas nuvens e a felicidade se plante na Terra.

Guardo a mão para dentro sentindo que fiz uma grande boa acção. Lá atrás os mesmos olhos pregados no infinito das costas do banco.
Tudo é silêncio, porque tudo pesa demais para ser dito. É o mesmo jogo de sempre. Calar para não quebrar a bolha. Podia ser uma grande guerra, por isso mais vale mandar embaixadores e mais tarde levar Helena para Tróia.
E seguimos assim, certos do evidente, mas magicando
   (a mãe que diz: "tu estás a magicar alguma coisa". o filho que pensa: "varinhas e cavalos. dragões e bruxas. só queria voar daqui)
um mundo, onde pôr a mão fora do vidro não é perigoso.

PS: Não tocaste o plano infinito, nem quebraste as regras das ciências. Só querias reconstruir o mundo, mudar o azul para vermelho sangue e o verde do mar em amarelo sol.
Querias transgredir a vida e chegar mais depressa aos outros.
Foi impossível. E vais pôr a mão de fora para levantares a vós e gritares a tua pequena revolta.
Mesmo que doa vais pintar o teu quadro,
com as tuas cores ...
com a tua mão ...
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